Jobim vai sair

RIO - A presidente Dilma Rousseff já decidiu demitir o ministro da Defesa, Nelson Jobim, depois das declarações dele à Revista PIAUI , que chegará às bancas nesta sexta-feira. Porém, Dilma prefere que o ministro peça demissão. Por outro lado, Jobim parece preferir desgastar um pouco mais a presidente e obrigá-la a demiti-lo. Seria o terceiro ministro que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que deixará o governo Dilma. Antes de Jobim, caíram Antonio Palocci da Casa Civil e Alfredo Nascimento dos Transportes. A diferença é que esses dois foram afastados em meio a denúncias de tráfico de influência e corrupção. Jobim deverá sair por conta de sua incontinência verbal.


Na reportagem, em afirmação atribuída a Jobim, há a consideração de que a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é "muito fraquinha" e que Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, "nem sequer conhece Brasília". No Planalto, já se admite a demissão ainda hoje. Dilma vai ter uma conversa definitiva com Jobim, que estava voltando de viagem oficial de Tabatinga, na fronteira do Amazonas com a Colômbia - a viagem foi antecipada por conta da repercussão das declarações. Em nota, o ministro da Defesa negou os comentários publicados, mas a presidente firmou convicção de que não dá para manter Jobim no governo após a leitura da íntegra da reportagem. Dilma convocou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que está com Jobim em viagem oficial, para reunião de emergência na sexta-feira. Cardozo e o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) são os mais cotados para assumir o cargo.
A demissão foi decidida hoje de manhã em reunião de Dilma com Ideli, Gleisi, a ministra de Comunicação Social, Helena Chagas, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e Gilles Azevedo, assessor pessoal de Dilma. O trecho da reportagem da "Piauí" em que Jobim critica as ministras foi antecipado pela colunista Monica Bergamo, na Folha de São Paulo. Segundo o jornal, o ministro da Defesa também atacou o governo no debate sobre o fim do sigilo eterno de documentos. "É muita trapalhada", disse.
Segundo assessores, a presidente ficou especialmente incomodada com a informação sobre a conversa que ambos tiveram quando Jobim decidiu convidar José Genoino para assessorá-lo na Defesa. Dilma teria perguntado se Genoino seria útil no ministério e, segundo a reportagem, Jobim respondeu: "Quem sabe se ele pode ou não ser útil sou eu".

Postar um comentário

0 Comentários