Eu também me associo a luta por conhecer e ter convivido na infância com àquelas águas e matas. Veja ai abaixo a denúncia do velho André:
LIXÃO DE MARITUBA
Não bastasse o Poder “Público” querer construir “Casas Populares” na única MATA DA PIRELLI, a única vegetação virgem da Região Metropolitana de Belém, vide O Rei Vesgo e o Desmatamento da Mata da Pirelli, agora, estão pensando em instalar um LIXÃO.
Isto mesmo, um LIXÃO! Ou, ATERRO SANITÁRIO, quando se quer dizer a mesma coisa, mas com a coisa não sendo dita, realmente.
Mais uma vez, fincarei meu facão na terra. Mais uma batalha renitente que travarei. Até quando? Quem se habilita em ajudar?
Segue, abaixo, a denúncia que já fiz, via correspondência eletrônica institucional, ao Ministério Público Estadual.
Vamos em frente!
_____________________/
AoMinistério Público Estadual – Pa.Belém – ParáAtt: Dr. Raimundo MoraesDr. Paulo BezerraDra. Graça Azevedo – M.P. – NUMAMeu nome é André Avelino da Costa Nunes Netto, cpf: 014 309 712 15, brasileiro, casado, escritor, e resido à Rua do Uriboca n. 3.000, em Marituba. Sou residente mesmo, faço parte da comunidade, não apenas um sitiante, freqüentador eventual para lazer.Há mais de quarenta anos cuido, curto, preservo a nascente do Rio Uriboquinha.Quando cheguei aqui era apenas uma poça de baixão degradado e assoreado. Restos de roçado. Nascente de rio moribundo. Refiz a mata ciliar, com espécies locais, deixei a floresta do entorno recupera-se naturalmente. Os animais voltaram trazendo mais sementes, o rio cresceu, afloraram mais e mais olhos d’água, a mata ficou exuberante e diversificada, e a natureza venceu este primeiro round.Outras batalhas vieram. Era ditadura. Inventaram que a área, de 15 há, era um latifúndio improdutivo, em pleno Cinturão Verde de Belém. Teria que desmatar para dar lugar a hortaliças, principalmente (e por ironia) pela “abundancia de água”.O amigo Ronaldo Barata assumiu o ITERPA. Apressei-me em regularizar minha situação esdrúxula para o entendimento de então. Ronaldo era freqüentador e entusiasta da preservação destas nascentes. Prontificou-se, de imediato, a me ajudar. Perguntou apenas qual era o meu projeto (tinha que ter um projeto), o que eu pretendia fazer. A resposta, ou o projeto, era simples: fazer nada e nem deixar ninguém fazer. Ele riu e, meio gago como falava, disse ser um projeto curupira, bem ao meu feitio, e concluiu: vamos deixar como está. Os tempos estão mudando, ninguém mais vai mexer com tua mata ou com o teu rio, aliás, espero, com mais nenhuma mata ou rio. Meu amigo Ronaldo morreu antes do projeto do Lixão. Aqui bem pertinho às margens do Rio Uriboquinha.Há dois anos abri aqui em casa um restaurante rural ecológico, www.terradomeio.com.br exatamente na nascente do rio Uriboquinha. Esta é minha trincheira.No dia 23 de março deste ano, no Hangar, Centro de Convenções houve um seminário convocado pela Federação das associações dos Municípios do Pará e Associação dos Municípios da Área Metropolitana de Belém. Tratava-se de prestar esclarecimentos e criar, de imediato de um consórcio para dar destino único ao lixo da região mais populosa da Amazônia. Esse seminário expressa e promiscuamente contava com o patrocínio das empresas associadas REVITA e CLEAN.Na ocasião, o prefeito de Marituba, Bertoldo Couto apressou-se em oferecer uma área, em “seu” município, propícia ao empreendimento. Segundo suas palavras, terreno já degradado, com imensas crateras, de onde se tiraram saibro, areia e barro, que lembrava Serra Pelada. Ao saber disso, pensei: pronto! Está tudo dominado.Nem era necessária esta patacoada do prefeito no seminário do dia 23 de março de 2.011. Há mais de ano o tal terreno já estava escolhido, comprado ou “apalavrado” pela REVITA (nenhum destes “documentos” está apenso ou sequer explicitado de maneira clara no projeto), eis que o “alentado” Estudo de Impacto Ambiental é datado de 01.08.2.010. Já nos estertores do governo passado, e era totalmente baseado no terreno agora oferecido.Com este ânimo fui à primeira Audiência Pública em Marituba na Paróquia do Menino Deus (convocada Diário Oficial do Estado). Antes, debrucei-me a estudar os tais EIA e RIMA, conseguidos a duras penas. Estudo de leigo. Incompetente, mas disposto a luta. Fui preparado para defender minha verdade. Deram-me 2 minutos. Protestei e deram-me mais um minuto.Foi um alento quando o Ministério Público se pronunciou. Senti que não estávamos sós. Digo estávamos, porque, para fazer justiça, desde a primeira hora a Secretária Municipal de Meio Ambiente, de Marituba, Tereza Rocha e o engenheiro aposentado Geraldo Coutinho embarcaram nesta cruzada.Feitas essas considerações preliminares passo a enumerar o que minimamente consegui depreender dos documentos citados, com o que, com toda a certeza esse M.P., por competente, já se terá deparado.
0 Comentários